domingo, 30 de dezembro de 2012

A arena sem a geral


A Geral do Grêmio - ou Alma Castelhana, como era chamada - surgiu no início dos anos 2000. Influenciada pelas barras bravas (aquelas torcidas que cantam sem parar) uruguaias e argentinas, o movimento começou com muito poucos torcedores atrás da goleira da Carlos Barbosa, no portão 10. Naquela época, o Grêmio comercializava ingressos com preços populares (o valor era 5 reais) para aquela localização.

A torcida, que até 2004 ocupava um pequeno espaço atrás da goleira e dava boas vindas para o ex-goleiro Danrlei cantando "Danrlei querido, Geral está contigo", passou a chamar atenção de todos pelo modo como torciam. Os cânticos eram todos em espanhol (ou portunhol), mas foi a famosa avalancha que despertou interesse da imprensa de todo o Brasil.

A seguir, o antigo setor popular da Geral foi extinto, iniciou-se uma campanha para associação em massa, a torcida Geral mudou-se para a outra goleira e o movimento passou a crescer de forma exponencial.

Quem frequentou a Geral no início da década passada sabe que hoje ela está muito diferente. O crescimento descontrolado deu margens para o ingresso de pessoas que não estão tão interessadas pelo jogo, de oportunistas e de arruaceiros.

A torcida Geral do Grêmio surge exatamente no momento em que o tricolor parou de ganhar títulos. Portanto é um equívoco dizer que a Geral faz a diferença nos jogos. Sim, ela canta sem parar, mas está longe de ser um 12º jogador. 

As confusões protagonizadas por esta torcida acabam prejudicando todos os outros gremistas que vão para o estádio com um único objetivo: ver o Grêmio vencer. Não seria este um bom momento para tomar alguma medida ao invés de esperar por algo pior?

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Adeus Olímpico


É com muita tristeza que os gremistas dirão adeus ao estádio Olímpico Monumental.

Palco de muitas alegrias, o estádio localizado na Azenha será implodido para a construção de diversas torres residenciais e comerciais.

Estádio Olímpico - Visão externa
O vereador do PSOL Pedro Ruas propôs o tombamento do estádio. Pela medida, a estrutura original do Olímpico não poderia ser alterada. Em outras palavras, a construtora OAS poderia apenas alugar o estádio e construir no entorno.

Ruas era conselheiro do Grêmio e votou a favor do negócio com a OAS. A proposta do vereador não tem pé nem cabeça. Chega a ser cruel, pois mexe com os sentimentos de milhões de gremistas espalhados pelo mundo. 

Estádio Olímpico - Gramado
Uma possibilidade seria a troca do Olímpico por uma outra área na cidade. Neste caso, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre realizaria esta operação e tomaria conta do estádio. A OAS não sairia prejudicada e o estádio ficaria em poder da Prefeitura.

E este é o problema. O Olímpico é um estádio velho e com uma manutenção elevada. Comprometer uma significativa parcela do orçamento municipal ou deixar o estádio em más condições são os dois caminhos possíveis.

Estádio Olímpico - Bar Monumental
Além disso, não existe uma demanda em Porto Alegre para jogos amadores com público acima de 40 mil pessoas. Resumindo: não há por que manter um estádio tão grande sob responsabilidade do poder público.

No entanto, outras alternativas podem ser pensadas e analisadas.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O bom exemplo


Quem acordou cedo no último domingo (16/12) e assistiu ao duelo entre Corinthians e Chelsea não teve motivos para se arrepender. Pela desolação dos jogadores da equipe inglesa, pode-se perceber que, ao contrário do que se comenta no Brasil, os europeus não desprezam esta competição.

Tite é o maior treinador brasileiro dos últimos anos. É verdade que Muricy ganhou diversos brasileirões e Abel montou boas equipes no Internacional e Fluminense. Mas nenhum outro técnico conseguiu ganhar todos os tipos de competição em tão pouco tempo. Tite sai mais valorizado do que nunca. Deverá ser o próximo técnico da seleção brasileira.

Apesar de ter montado um time competitivo formado com poucos jogadores de grife, o título de Campeão do Mundo conquistado pelo Corinthians passa por dois pontos principais:

- Qualidade na gestão:

O Corinthians é referência para todos os clubes brasileiros. É verdade que tem a maior torcida do Brasil, o que significa um faturamento muito acima dos demais. Mas não é só isso. Os paulistas adotaram uma visão de futebol com a qual eu concordo plenamente: investir em centroavante. Ronaldo, Adriano e Liédson são alguns dos centroavantes que passaram pelo clube recentemente.

Enquanto o Chelsea não contratou nenhum centroavante desde que se desfez do seu principal jogador, o africano Drogba, o Corinthians contratou Guerrero. O peruano marcou todos os gols dos paulistas na competição organizada pela FIFA.

- Rafa Benítez:

O treinador do Chelsea, Rafa Benítez, deixou o camisa 10 da seleção brasileira no banco de reservas na decisão. Incrível. Essa atitude é digna de uma recisão de contrato. É difícil de entender como alguém consegue fazer algo tão absurdo.

Oscar é um jogador de exceção, daqueles que mesmo jogando mal deve permanecer em campo. Nos 15 minutos em que esteve em campo, Oscar colocou uma bola com perfeição na cabeça de Fernando Torres. O atacante espanhol marcou o gol, mas estava em impedimento.

A chegada de Dida


A contratação do veterano Dida dividiu os torcedores gremistas.

Após dois anos parado, a Portuguesa supreendeu e tirou o goleiro da aposentadoria. Enquanto alguns argumentam que ele foi um dos principais responsáveis pela recuperação da Lusa no Campeonato Brasileiro 2012, outros afirma que ele não fez um bom campeonato.

Dida teria falhado em diversas partidas. É só buscar no youtube. Entre as mais relevantes estão as falhas contra o Bahia e Atlético-MG (duas vezes).

Por outro lado, Dida agrega experiência ao elenco. Desde a saída de Victor, vários goleiros já foram cogitados pelo Grêmio, pois os reservas sequer atuaram como profissionais. Com 39 anos, ele deve ser reserva de Marcelo Grohe, que terminou a temporada em alta.

Apesar de controversa, a contratação do multicampeão Dida é positiva. O Grêmio parece estar fazendo um movimento semelhante ao rival Internacional, em 2010, quando contratou Pato Abbondanzieri. O argentino acabou sendo reserva de Renan e passou sua experiência para os jovens goleiros do elenco colorado. Naquela oportunidade, o Inter foi campeão da Libertadores.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

As decisões de Giovanni Luigi


Mano Menezes teve sucesso em todos clubes grandes que dirigiu. Foi para a seleção e não conseguiu bons resultados. O Internacional anunciou contrato de um ano com o ex-jogador Dunga. Na seleção, o treinador ganhou tudo que disputou e foi eliminado na Copa do Mundo de 2010 em falhas individuais incríveis. Acho, portanto, que a escolha é uma aposta e que pode dar certo.

Em seus dois anos na presidência, Giovanni Luigi parece estar bastante atento com o que se passa na Azenha. Ao ver o sucesso de Renato Portaluppi no tricolor, Luigi já testou na casamata os ídolos Falcão e Fernandão. Ambos fracassaram. Coloca agora mais um ídolo na berlinda. Dos quatro treinadores que contratou, três são ex-jogadores muito identificados com o clube.

Com a renovação de Vanderlei Luxemburgo, Luigi percebeu que Paulo Paixão, um dos mais renomados profissionais da área, ficaria em segundo plano no Grêmio. Luxemburgo já tem o seu preparador físico "de confiança". O presidente colorado sugeriu Paulo Paixão para Dunga. Como os dois já haviam trabalhado juntos na seleção, o aceite foi imediato.

Com a queda de três vices de futebol em apenas dois anos, foi o presidente Paulo Odone quem deu o exemplo: extinguir momentaneamente o cargo e colocar mais poderes nas mãos do diretor executivo Newton Drummond, o Chumbinho.

Futebol é assim, cheio de erros e acertos. Inspirações. E títulos.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Em obras - o outro lado da Arena


A inauguração da Arena vai ficar marcada pela vitória de 2x1 sobre o Hamburgo. André Lima fez o primeiro gol do novo estádio.

Inauguração da Arena do Grêmio
Por trás da festa, que iniciou com 45 minutos de atraso, o que se viu foi um estádio praticamente acabado. Porque acabado ele ainda não está.

A pressa pela inauguração - que deveria ter sido realizada no início da próxima temporada - se justifica pelos 10 minutos de discursos e palmas para quatro pessoas. Paulo Odone, que foi amplamente derrotado nas urnas, é o presidente que inaugurou a Arena, Eduardo Antonini sai valorizado como o grande gestor desta obra, o não-tão-conhecido presidente da Arena Porto-Alegrense Eduardo Pinto aparece para o grande público e a empresa OAS, representada por um diretor, marca seu nome no estado.

Não existe outro argumento que justifique o fato da Arena não ter sido inaugurada em outro momento mais apropriado, com ela totalmente acabada.

Nada se sabia, até o momento em que Eduardo Antonini foi às principais rádios pedir desculpas, pois a Arena não estava completamente limpa. Faltou dizer que além de não estar limpa, também não estava pronta.

Os banheiros não estavam em boas condições
Os banheiros ainda não estavam prontos. Além da poeira, muitos estavam sem água, enquanto outros tinham vazamentos. Na verdade, o acabamento ainda estava longe de estar pronto. Algumas portas de acesso e alguns locais da fachada ainda precisam ser ajeitados.

Portões esperando acabamento

Os vidros da fachada ainda não haviam sido integralmente colocados
Em muitos locais, os acabamentos e materiais parecem não ser de primeira mão. É conveniente lembrar que a parceria da OAS dura por 20 anos, período no qual a manutenção ainda é baixa. É responsabilidade do Grêmio a fiscalização das obras.

Ainda era possível ver marcas ao redor das traves. O gramado ainda não estava preparado para receber uma partida.

Gramado estava em más condições
Lamentável o episódio promovido pelas torcidas organizadas no final do primeiro tempo. Está na hora de alguém acabar com as vantagens deste pessoal que vai ao estádio criar confusão. Assim como a Brigada Militar é amplamente criticada quando algum brigadiano se excede, a Geral do Grêmio deve explicações para o sócio gremista.

Confusões geradas pela Geral do Grêmio

Nada pode ser maior


O Grêmio inaugurou na noite de ontem o mais moderno estádio da América do Sul. E com vitória. Aplicou 2x1 no Hamburgo repetindo 1983.

Os alemães, que haviam vencido o Hofeinheim por 2x0 um dia antes, atravessaram o oceano Atlântico e jogaram a primeira etapa da partida com uma equipe composta por reservas. No segundo tempo ocorreu um fato inusitado: Luxemburgo retirou os principais jogadores da equipe para colocar reservas, enquanto o alemão Fink promoveu a entrada dos titulares. O Grêmio não fez boa partida, mas os centroavantes resolveram.

Alguém deve repetir para Luxemburgo: colocar atacantes nos jogos decisivos. Mesmo que eles sejam Marcelo Moreno ou André Lima.

Por outro lado, alguns jogadores de atuação muito fraca devem ter suas condições reavaliadas. O Grêmio precisa reforçar os três setores com titulares incontestáveis. Fábio Koff só estará autorizado a assinar contratos como presidente do Grêmio a partir de 21 de dezembro.

De modo geral, a partida foi fraca. Assim como todos os amistosos. Entretanto, os torcedores que estiveram na Arena puderam ver a diferença entre o futebol europeu e o sul-americano. Em 1983, quando disputou a final do Mundial de Clubes com o Grêmio, o Hamburgo já havia conquistado a Copa dos Campeões da Europa e o Campeonato Alemão.